30/09/2021

Jovem vítima de grupo que induzia suicídio

Mãe de jovem vítima de grupo que induzia suicídio: "Eles precisam ser punidos"

Quatro pessoas foram presas por induzir jovens ao suicídio. Polícia do DF chegou aos suspeitos após o grupo fazer duas vítimas em Brasília. Especialista alerta para sinais que alguém em sofrimento pode apresentar e dá dicas de como lidar com a situação.

Um luto eterno. A empresária Viviane Argentino, 42 anos, perdeu a filha, no auge da juventude, aos 22 anos, em 30 de março. A jovem ingeriu uma substância tóxica capaz de matar. O produto também foi o responsável pela morte de uma amiga, de 21 anos, e reivindicado por um grupo criminoso que induz pessoas de todo o país, pela internet, ao autoextermínio. Em uma megaoperação deflagrada nessa quarta-feira (29/09) pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), quatro pessoas foram presas preventivamente por associação criminosa e induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, qualificado pelo resultado morte. Ação acontece durante o Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio.

Viviane relata como é lidar com a dor do luto e clama por justiça. A empresária se mantém forte por causa do caçula, de 8 anos. “Hoje, só sobrevivo pelo meu filho. No começo, eu fui muito forte e soube lidar com a situação da melhor forma, mas, agora, está sendo muito complicado. Às vezes, tenho um surto. Faço tratamentos psiquiátricos e tomo medicações. Toda a família sofre muito”, desabafa.

A filha de Viviane estava avançando na carreira. Aos 22 anos, ela havia sido contratada por um escritório de advocacia e tinha recebido uma proposta para trabalhar em uma agência bancária, quando tudo aconteceu, em 30 de março. A jovem fazia tratamentos psiquiátricos e tinha tentado tirar a própria vida havia um tempo. “Eu não suspeitava de nada, mas, quando recebi a notícia, logo imaginei que pudesse ter algo envolvido com o ‘tal’ grupo que a amiga dela participava. Veio na minha mente de imediato”, detalhou.

Substância química

O produto tóxico capaz de matar em minutos, encontrado em sites da internet, foi tomado primeiro, em fevereiro deste ano, pela amiga da filha de Viviane. A mãe conta que a jovem ficou sensibilizada com a perda e se dispôs a ajudar, produzindo o inventário, uma vez que ela trabalhava em um escritório de advocacia.

“Eles precisam ser punidos. Eu sei que minha filha tinha depressão, mas eles a induziram, e incentivaram essa morte. Aproveitaram de uma pessoa fragilizada, a troco de nada”, pontuou.

Investigação

A 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) segue com as apurações para identificar outras possíveis vítimas dos criminosos, que teriam sido estimuladas a praticar o autoextermínio. Na noite dessa quarta-feira (29/9), o quarto integrante da associação criminosa foi preso após se apresentar em uma delegacia de Uberlândia (MG). No total, foram expedidos e cumpridos mandados de busca e apreensão em Goiânia (GO), Aparecida de Goiânia (GO), São Paulo (SP), São Roque (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Os quatro estão presos preventivamente e cumprirão pena no Complexo Penitenciário da Papuda.

As diligências começaram depois da morte da amiga da filha de Viviane. Em análise pericial no celular da jovem, os investigadores constataram que a menina participava de um grupo virtual destinado ao cometimento de suicídio. “Toda a orientação era cedida pelos criminosos, que ensinavam onde comprar a substância, como tomar e a dosagem correta para a prática. Não sabemos, ainda, se a segunda vítima (filha da Viviane) tinha relação direta com o grupo”, detalhou o delegado-adjunto da 6ª DP, Ricardo Viana. Segundo o investigador, os quatro criminosos não se conheciam pessoalmente e agiam pela deep web (ponta do iceberg), em grupos de Telegram e WhatsApp. “Eles (os suspeitos) acolhiam as vítimas, se passando por pessoas boas, conversando, ouvindo queixas. Depois disso, receitavam a substância”, frisou Viana. Segundo investigações, não havia interesse financeiro.

Quais são os principais fatores que levam uma pessoa a cometer suicídio?

As principais doenças associadas são depressão, transtornos mentais como bipolaridade, esquizofrenia e transtornos de personalidade. Além dos quadros psicóticos, como delírio e crenças delirantes de que, caso se mate, vai acontecer algo sobrenatural. Há, também, as circunstâncias, não tinha depressão, mas está passando por um momento difícil na vida. Outras causas são as bebidas alcoólicas em excesso e o uso de drogas.

Qual é a importância em se falar sobre o assunto?

Infelizmente, suicídio é mais comum do que aparenta, mas não se comenta. É importante que se fale sobre o assunto para desmistificá-lo. Há muitos anos, tem sido colocado embaixo do tapete, tanto pela sociedade quanto pela mídia. Mas o número de suicídios cresceu de uma tal forma que, hoje, é uma das maiores causas de morte no Brasil, é uma proporção grande. Isso de dizer que, se tocar no assunto, vai incentivar já caiu por terra. É importante falar, sim, e conscientizar a população e alertar as famílias para que fiquem atentos aos sinais e saibam como ajudar.

Por CorreioWeb



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