22/05/2023

“Ele mostrou a sujeira para o mundo inteiro”

 “Ele mostrou a sujeira para o mundo inteiro”, diz Aranha sobre racismo contra Vinicius Junior


Vítima de racismo em 2014, na Arena do Grêmio, quando defendia o Santos como visitante em Porto Alegre (RS), o ex-goleiro Aranha falou sobre o ataque sofrido pelo atacante Vinicius Junior, na partida entre Real Madrid e Valencia, pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol.

O ex-atleta comentou ao ge que o jogador mostrou “a sujeita para o mundo todo”. Aranha destacou que o caso é semelhante ao que aconteceu com ele, quando resolveu expor o ataque sofrido.

- Ele é um jogador de seleção brasileira, de Copa do Mundo, tem um alcance muito grande. E ele levantou o tapete e mostrou a sujeira para o mundo inteiro. Tudo que estava escondido – disse.

- Foi assim que aconteceu comigo no Brasil. Estava tudo bem, até o Aranha expor uma realidade que todo mundo conhece. [O que aconteceu] não é nem uma novidade para quem mora na Espanha, para quem jogou e acompanha o futebol lá na Espanha - completou.

Aranha destacou que os ataques constantes contra Vinicius Junior se devem ao sucesso dele na Europa e ao fato do jogador expor os casos de racismo.

- No caso dele, precisamos levar em conta duas coisas. Primeiro é a ascensão dentro do clube e segundo porque ele tem se posicionado contra. Seria um caminho muito mais suave e talvez não chegaria nesse ponto, se ele não tivesse se posicionado. Se ele fingisse que não tinha escutado, se abaixasse a cabeça. Isso passaria despercebido, não chamaria a atenção da mídia. O “grande problema é esse”, você expor o agressor – disse.

- O caminho é se posicionar, não baixar a guarda e manter a concentração. Não é algo que vai ser resolver agora. É algo cultural. O brasileiro está começando agora a debater e tentar resolver seus problemas, em todos os âmbitos. Espero que ele se mantenha firme, pois tudo que se espera dele é algo agressivo. Não adianta ele tomar amarelo, não adianta ser expulso. Isso só vai fazer com que ele acabe se prejudicando. Até porque vão tentar esconder, tentar minimizar o ataque contra ele, e tentar apontar os erros dele - concluiu.

O ex-goleiro falou que os torcedores espanhóis vão ficar marcados pelo mundo “como racistas”.

- [O fato do jogador expor os casos] Fez com que toda população ou grande parte da população espanhola que tenha sua simpatia por esses atos racistas ficasse revoltada com ele. Como eles vão vir curtir as férias no Brasil? Como vão ser recebidos no resto do mundo? Tanto para simplesmente fazer uma viagem de turismo ou para acompanhar a seleção. Onde a seleção espanhola e os times espanhóis forem jogar, as torcidas vão ser vistas e reconhecidas como racistas. É um fardo que eles vão carregar e por isso ficaram com muita raiva. E quanto mais sucesso ele tiver, maior vai ser a raiva, porque maior vai ser a exposição. Acredito que é essa a situação hoje - continuou.

Aranha pontuou, ainda, que casos de racismo não vão deixar de existir, mas que a punição diminuirá a quantidade de crimes.

- Nunca vai ser um caso resolvido, sempre vai acontecer um caso ou outro, mas em um proporção muito menor. A punição é o caminho e é assim que tem que ser - finalizou.

Aranha foi atleta profissional por 18 anos. Atualmente, o ex-jogador é escritor e vive em Pouso Alegre, no Sul de Minas. Ele já possui dois livros lançados: “José Patrocínio” e “Brasil Tumbeiro”. As obras contam a história da comunidade negra no Brasil.

Por: Franco Junior 



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